O Herói-Estereótipo

O Herói Americano.

Já pararam pra pensar que o “Super herói americano”, o homem de aço, o homem-extraterrestre absurdamente forte, que voa, que resiste a tiros, que tem visão de calor, que destrói criaturas alieníginas grotescas e que é basicamente invencível não deixa graça ou suspense algum numa história em quadrinhos?

Numa analogia porca, ler historinhas do SuperMan é equivalente à passar um sábado num jogo de Playstation 3 repetitivo e fácil. Leia trinta edições seguidas do homem de aço e me diga, qual é a novidade? Talvez seja a mesma sensação de atravessar a fase 1-1 do Mario Bros. In-Loop trinta vezes.

Para dar uma noção mais palpável (adorei essa palavra desde que usei-a no último post), veja só a lista de habilidades que a Wikipedia disponibiliza quando refere-se a Superman:

“força sobre humana, resistência, invunerabilidade, sopro congelante, super audição, poderes extra-sensoriais e visuais, longevidade, vôo, inteligência e regeneração.”

O ponto é…
Vamos deixar o ponto pra depois do link.

Isso se nenhum alien de sunguinha exageradamente poderoso vier chutar meu traseiro antes que eu continue.
Agora que eu me toquei: Imaginem se os et’s  do filme “Guerra dos Mundos” fossem todos iguais ao SuperMan. Aí sim estaríamos em apuros, não concorda?

O ponto, seja ele no eixo X ou Y (à preferência do leitor), é que o conto da criatura devastadora de Krypton destruindo metade de Metrópoles, que berra desesperadamente por um milagre já se tornou batido. Quando? Quando o alter-ego de Clark Kent – ou Capitão Cueca, se assim desejarem – já salvou a cidade do mesmo causo nas últimas quinhentas edições enchedoras-de-linguiça.

Disse isso no último texto postado (Watchmen) e faço questão de quotar aqui, pois foi um momento iluminado diante do teclado de meu MacBook:

“Eu canso de heróis invencíveis, super fortes e poderosos. Derrubar um monstro mais alto que arranhacéus com um soco, impulsionando-o para os prédios bambeam e caem, destroindo metade de Manhattan, que sempre é reconstruída na manhã seguinte. É sempre em Manhattan. Aliás, Superman, o que diabos tem em Metrópoles? Um imã gigante que atrai criaturas da Matrix em períodos semanais estabelecidos? Porra!”

Acho que foi a definição mais sincera em relação ao meu sentimento para com os heróis estereotipados: Fantasia colorida, sunga e capa. Convenhamos, a capa é uma idiotice. De cabeça, lembro de dois ou três personagens que morreram tragicomicamente por causa da bendita capa.

Só o Batman tinha razão em mandar o Robin usar aquela capa amarela. Ele seria um alvo mais fácil do que o homem-morcego; viva a genialidade!

O Superman não tem nenhum motivo pra cores chamativas, nem pra capa. Quem sabe ele as usa para ser alvo de um tiroteio, afinal, ele resiste às balas – é um showman. Perfeito, esse será o novo nome do herói americano; foi a melhor representação gramátical que a língua inglesa me ostentou.

A única fraqueza do alien bombado de colã é, aparentemente, uma pedra de seu planeta natal, chamada Kryptonita. Pra constar, ótima escolha de planeta! Por que não se estabelecer ao lado da maior concentração de pedregulhos letais para os habitantes? [ For the LULZ. Nem sei se é isso, tampouco me importo ]

Logicamente, isso não impede o SuperShowMan de salvar o dia. O American Hero sempre dribla, num malabarismo psicológico, os planos de Lex Luthor que envolvem a impotência do herói através da rocha. Teóricamente infalivel, se não estivesse frente-a-frente com a mente maluca de Jerry Siegel. Não me surpreende o porque da DC Comics permanecer atrás da Marvel todos esses anos (a Marvel tá na frente sim, dumbfucks).

Aliás, American Hero pode ser uma definição ainda melhor. Criado na Segunda Guerra Mundial (Abordei a influência militar nos quadrinhos em um texto de um blog antigo. Leia aqui) para apoiar o Tio Sam no meio do entretenimento, defensor do American Way of Life e ainda por cima ocupa a posição de Justiceiro da Terra. Quer algo mais conveniente?

Mas tudo publicado sobre o SuperMan é horrível? E os spin-offs?

Essa é uma boa questão a ser discutida. Nem tudo relacionado à Kal-El (verdadeiro nome de Clark Joseph Kent, para os desinformados) é digno de fogueira e apedrejamento, dentre outras formas de humilhação pública da era medieval. Uma das melhores histórias já publicadas pela Detective Comics pertence ao Super, e se chama Entre a Foice e o Martelo (informações aqui), uma excelente sacada dos criadores ao pensar qual seria a influência política desse sobre-humano se tivesse caído na Ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e virado um seguidor de Stalin.

Capa de "Entre a Foice e o Martelo". O que aconteceria com Kal-El se caísse na Rússia comunista?

Sobre outros spin-offs, contos de heróis fora de seu universo (realidade alternativa), tenho minhas dúvidas.

Na primeira edição da morte do SuperMan, eu tive até que conter um certo interesse, que logo foi perdido; exatamente quando, numa paródia à Jesus, ele ressucita. Depois deve morrer outra vez, voltar dos mortos e ascender aos céus, pouco me importa.

Essa situação de vida/morte acontece também num dos meus heróis favoritos: O Capitão América. É como se todos os quadrinistas fossem abençoados pelos deuses com um dom de criatividade inatingível por qualquer outro ser humano, mas com uma só restrição: Os personagens jamais poderiam falecer. Exceto o segundo Robin, Jason Todd se a memória não me engana, que morre numa explosão, após uma surra de pé-de-cabra aplicada pelo Coringa. Sensacional método de eliminar um figurante odiado pelo público. Aproveitando a deixa, taí as informações/downloads da mini série “A Morte de Robin”.

Vamos voltar para o SuperMan antes que eu perca o foco por completo.

O homem fantasiado e defensor dos pobres e injustiçados é o estereótipo do herói americano, ou acima disso, é o estereótipo do desejo americano. A vontade de fazer o bem através de seus próprios pensamentos, que às vezes, implicam em subjugar um outro povo à suas razões e costumes mirando um objetivo maior, esteja ele certo ou errado em padrões sociais.

Quase me emocionei agora.

Mas, de tudo isso, só acredito que seria mais divertido se essa reflexão levasse todos os americanos à estabelecer seus padrões de maneira dominativa com a cueca por cima das calças.

[ By the fucking way ] É sério que esse texto foi parar em comunidades pró-superman no Orkut? Ahahaha. Anyway, se veio defender seu herói de infância, o que é bastante bizarro, faça-o com dignidade e, de preferência, com o mínimo de respeito.
Coloque seu nome e e-mail no comentário, assim, eu garanto: Nada será censurado. No entanto, anônimos e miguxos serão sumariamente ignorados e bloqueados. Pego emprestado uma frase do Kid: – “Por que? Porque covardes não merecem o privilégio de liberdade de expressão. Ou dê a cara a tapa, ou recolha-se à sua insignificância em silêncio.

Tem erros no texto? É, provavelmente. Pegue sua HQ mofada do Superman e fique lendo até sua retina implodrir, depois venha aqui e cite, inúmeras vezes, minha imperdoável falha. Quem sabe algum dia eu demonstro um pouquinho de atenção.

2 Respostas

  1. Bem colocado seu texto Dário, pra falar a verdade sempre tive essa impressão do Superman, quem me fez insistir foi minha namorada que ´fã dos filmes. Os anos 90 realmente são um SACO (tanto é que aprendi a gostar do Aranha nessa época). Diria que atualmente Dario, o Superman mudou bastante, digo isso como um fã de menos de 1 ano e meio. Sei lá se quiser de uma lida em algumas novas sagas (…ou não..rs).
    Abraço!

    • Antes de mais nada, obrigado por compreender o texto e um ponto de vista diferente ;)
      No mais, acho que pedirei umas edições novas do Superman pra um amigo pra ver se fico por dentro da história. Quem sabe até crio um gosto pela parada.
      Abraços!

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